Floresta ao Redor

- My Baby -

Não podia ser assim tão difícil, não é? Bem... Pelo que o vendedor explicara não era assim tão complicado. Vendedor... Não sei se posso chamar aquilo de vendedor. Turco talvez fosse melhor. 350 dracmas pra ter uma criatura que nem ele sabia qual era. Ótimo! Bem inteligente, Emy... O comentário invadiu minha mente e um suspiro exasperado atravessou meus lábios. Logo cedo? Quem em sã consciência começaria a brigar com a própria consciência a esse horário? Santa paciência... Felizmente a pequena caminhada não durou muito. Logo a floresta já preenchia a paisagem completamente, provando que eu já estava longe o suficiente dos chalés: Não queria que algum campista ficasse dando palpite enquanto eu tentava... 'Chocar' o meu mascote. Sentei-me perto de uma árvore qualquer, aproveitando a leve sombra que suas folhas produziam. Tirei a mochila das costas, pegando as únicas coisas que ela continha: um ovo consideravelmente grande e um frasco médio de elixir. Aquele ovo era basicamente do mesmo tamanho que um botado por uma fêmea de avestruz, o que deixava certas dúvidas sobre seu conteúdo. Olhei um pouco perdida para os dois objetos em minha mão: aquele negócio tinha que vir com um manual. Por fim coloquei aquele ovo no chão e abri o frasco, despejando seu conteúdo na casca de aparência firme e olhando com atenção. Surpresa: não tinha estourado nem nada do tipo. Não parecia 'mágico' ou surpreendente. Apenas um ovo que parecia absorver um líquido estranho... E convenhamos, caro.

• Chocando o Ovo das Trevas... •

Dia comum no acampamento, e uma menina parecia frustada no meio da floresta parecia que seu ovo não havia chocado. O erro dos campistas eram achar que tudo iria funcionar na hora, tudo aconteceria no momento que eles quisessem, mas não ela exatamente assim, tudo levava um tempo e acontecia na hora certa, ou na hora que os deuses achassem que era a hora certa.
Depois de algum tempo o ovo começou a se mexer e sua casta começou a trincar, o que será que sairia de dentro do ovo? Um Girino, um peixe!? Depois de muita cerimonia começou a sair um bicho de dentro do ovo, mas o que seria? Saiu de dentro dela um filhote de Dragão, Irônico, até porque a filha do Deus do Mar, ganhando um mascote do Fogo?!

Você Adquiriu um filhote de dragão, como uma prole do mar, você terá dificuldades em criar e adestrar seu mascote, irá exigir bastante de você.

- My Baby  -

Passei algum tempo olhando para aquele ovo imóvel e aparentemente choco. Quantos turcos são precisos para enganar uma filha de Poseidon? Só um! Ele so precisa falar que vende ovo mágico! a vozinha irritante soara ao fundo, rindo com maldade. Trinquei os dentes, desejando que pela primeira vez na vida ela ficasse quieta. E então ela ficou, assim como eu. O ovo começara a chacoalhar um pouco, fazendo alguns estralos. Estava rachando. Fiquei pasma. Não que eu esperasse que ele fosse choco, mas por ser uma criatura mágica eu esperava que ele no mínimo explodisse ou soltasse fumaça. Okay, chega de filmes científicos. Minha consciência fez uma nota mental, que eu não pude deixar de apoiar. Olhava com os olhos bem abertos para aquela coisinha que começava a sair, parecendo ter um pouco de dificuldade. Tão natural... Era como ver um passarinho nascendo, mas esse passarinho era um pouco maior... E bem diferente. Pude ver assim que o focinho saiu, não muito longo, com um chifrinho na ponta, parecendo frágil pelo tamanho. E então aquela cabecinha cumprida com olhinhos redondos e  também chifrinhos curtos no topo. Traços firmes, rígidos. O pescoço... Gelei. Realmente não era um passarinho, nem mesmo um passarinho estranho. O ovo ja estava inteiramente rachado e aos poucos o pequeno ser saiu completamente. Seu corpo não era vermelho, exceto em algumas áreas: a parte de baixo de seu pescocinho cumprido era de uma cor creme, assim como sua barriga e seu rabo. Era um tipo de linha cor de creme. A parte de baixo de suas asas também eram creme, escurecendo nas pontas até se tornar vermelha. Os músculos de suas pernas pareciam bem avantajados, apesar de ser apenas um filhote. Suas patas eram acompanhadas por garras negras bem afiadas e sua boca com pequenos dentinho finos e afiados estava aberta, deixando alguns guinchos roucos escaparem. Estiquei a mão, tocando a lateral de sua cabeça, afagando com cuidado. Escamoso... Parecia tão pequeno e frágil. Ele caberia inteiro em minhas duas mãos. Lindo. Meu.
_Oi, meu pequeno... - Sussurrei admirada. - Está tudo bem, querido... Vai ficar tudo bem... - Sussurrei, me abaixando ainda mais, fitando-o nos olhos. Sua cabeça tombou, acompanhando minha mão que o tocava. Sorri, boba. - Meu pequeno Blake... - Sorri com carinho. Blake parecia um bom nome.
Retirei a que estava em sua cabeça para colocar a mochila de volta em meus ombros e me levantei com cuidado para não assusta-lo. O pequeno Blake cambaleava, tentando andar. Peguei-o no colo, aninhando entre minhas mãos e meu peito, acariciando aquele corpinho áspero com um sorriso cada vez maior, com o olhar fixo em meu novo  mascote.
_Vamos pra casa, pequeno Blake... - Comentei com um sussurro baixo antes de começar a caminhar lentamente para o chalé, andando como se tivesse um bebe em meu colo.

• Pequeno Blake... •